19 de agosto de 2010

Simbonírica 1

Andava em desespero pela Av. Doutor Arnaldo. Quase corria. Fugia, mas não sabia de quem ou para onde. Era noite. Entrou na Cardeal Arcoverde e se enfiou num boteco. Pediu para usar o banheiro, mas de sua boca só saía uma espécie de murmúrio abafado. Foi ao espelho. Seu rosto era uma alva máscara com dois furos no lugar dos olhos.

Saiu para a rua e o meio-fio era corda-bamba. Não havia pavimento. Era dia. Caminhou pela frouxa linha do horizonte. Um revólver surgira entre sua mão e sua têmpora direita. O tambor não rufava, nem havia ali lugar para o vazio. Chorava. Lágrimas rubras lhe escorriam em volta da boca e na ponta do nariz.

Um homem apontou para ele: “O senhor, meu amigo, é um palhaço. Essa linha não vai nem chega. Um movimento em falso e o senhor cai. Um deslize e o senhor estoura seus miolos. Boa tarde.”

Era tarde.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não entendi. kkkkkkkkk, porra, complexo meu velho. Mas ainda assim, é um bom texto.