1 de fevereiro de 2011

Simbonírica 5

O volante mal cabia em suas mãos. Sentia-se sufocado por estar em um espaço tão apertado, o encosto do banco no meio de suas costas. Curvava-se sobre o painel com a cara próxima ao para-brisa.

Saiu daquele minúsculo carro e viu uma enorme placa vermelha com a palavra PARE. Seguiu andando e entrou em um bar. Queria pedir algo, mas não conseguia ver o que havia por cima do balcão. Já fora difícil entrar, e seria impossível, não fosse a escada convenientemente posta ao lado da porta, permitindo-lhe se pendurar na maçaneta.

Fora do bar, um dos dedos de seu pé ficou preso a um bueiro. Puxou o pé para desprendê-lo e, sem que entendesse como, foi engolido. A situação não tinha tamanho, como ele não o conhecia.

Grande demais para brincar, para obedecer, para acordar tarde. Pequeno demais para ser independente, para fazer uma revolução, para ser responsável.

Forte, bom, grande e belo. Pusilânime, impiedoso, insignificante e rancoroso.

O anão e o gigante.

Nenhum comentário: