Claustrofobia, num cilindro escuro. Propulsão. O capacete se choca contra o céu da boca de um suicida. Rasga a têmpora de um descuidado. Adentra a noite apertada.
No ápice do arco, a ascensão é alterada. Aliteração. Cada canalha em cadeira cativa o vê cair em câmera lenta. Catástrofe.
Em vultos, vê surgir a rede quadriculada que o ampara. Impacto. O mundo balança e para. Ninguém o espera. Está perdido. A vida passa rápido demais.
Quem chupa o homem-bala?
27 de agosto de 2010
19 de agosto de 2010
Simbonírica 1
Andava em desespero pela Av. Doutor Arnaldo. Quase corria. Fugia, mas não sabia de quem ou para onde. Era noite. Entrou na Cardeal Arcoverde e se enfiou num boteco. Pediu para usar o banheiro, mas de sua boca só saía uma espécie de murmúrio abafado. Foi ao espelho. Seu rosto era uma alva máscara com dois furos no lugar dos olhos.
Saiu para a rua e o meio-fio era corda-bamba. Não havia pavimento. Era dia. Caminhou pela frouxa linha do horizonte. Um revólver surgira entre sua mão e sua têmpora direita. O tambor não rufava, nem havia ali lugar para o vazio. Chorava. Lágrimas rubras lhe escorriam em volta da boca e na ponta do nariz.
Um homem apontou para ele: “O senhor, meu amigo, é um palhaço. Essa linha não vai nem chega. Um movimento em falso e o senhor cai. Um deslize e o senhor estoura seus miolos. Boa tarde.”
Era tarde.
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