29 de dezembro de 2010

Profana dança

Jogar amor, as regras desconheço
Atuo sempre desorientado
Se tento é sempre intento fracassado
Desgarro, agarro, amarro e então pereço

Profano, danço até que hesito exausto
Espelho expresso rápido indeciso
Duvido olhar calado peito inciso
Afago, ofego e me redimo infausto

Em minha pele cada poro sua
Mentira que transpira, inspira e clama
Derrama sobre sua pele nua

A mesma farsa em dois subtraída
Sentida só depois que a fria chama
Apaga e chama à vida desmentida

21 de dezembro de 2010

Comunicador

No lúdico eletrônico, em letras coloridas,
Encontro musical, mas dissonante.
Harmônico talvez, quiçá embriagante,
Ainda que a ressaca se anuncie.

Súbito regozijo.

Mas ele se enfastiou
Com o júbilo ilusório
Que se anunciava.

10 de dezembro de 2010

Poeta musical

Palavra do poeta musical
O músico, poeta almeja ser
Nos versos sempre oculta o bestial
Sublime melodia há de tecer

Contradição eterna, pois humana
Em jogo de esconder, que é tão banal
Nos versos a pureza sempre emana
E encobre desta forma todo o mal

Artista sofredor que nunca nota
Que a música, impossível, sempre veta
O sentimento expresso em cada nota

Angústia do poeta em doce tom
Um homem animal, feito poeta
Um animal humano feito som

(24/01/06)