Com a falência dos valores de outrora, que prezavam pelo valor do sofrimento e do sacrifício como aspectos de dignificação e salvação pessoal, ficamos livres do fardo de gerações anteriores. Privações, repressões e submissões que não mais se fazem necessárias para o convívio em sociedade. Entretanto, não raro perdemos também a noção do limite, e nos vemos na obrigação de obter prazer em cada ato, em cada relação e a cada momento. O imperativo do prazer nos condena e massacra a cada oportunidade perdida, a cada momento de enfado, a cada pequeno tédio, como se toda a repressão de gerações anteriores tivesse que ser compensada no prazer extremo e contínuo da nossa.
Falhamos em ser felizes, e falhamos duplamente em nos obrigar a ser felizes em vão. A felicidade é bem de consumo, representado pelos gadgets, por nossos entorpecentes e por nossos corpos, extensões do nosso desejo insaciável de permanecer insaciáveis.
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